quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Uma educação voltada para o futuro com o auxílio da informática

Elaine Nascimento Fernandes
Graduada em Pedagogia pela Universidade Cidade de São Paulo, Mestranda em Psicopedagogia pela Universidade Santo Amaro. Consultora de Softwares Educacionais.
Email: elaine.nascimento@agenciaclick.com.br


Resumo

Este artigo tem como objetivo levantar a questão da educação informatizada e a importância de uma educação voltada para o futuro, possibilitando uma solução mais viável para uma verdadeira aprendizagem significativa.
Palavras Chaves: educação, informática, futuro

ABSTRACT  
 This article has as objective to raise the question of the computing in education and the importance of an education directed toward the future, being made possible a more viable solution for a true significant learning.
Key Words: education,computing,future.

   
Introdução  

Estamos vivendo num mundo globalizado, em que a tecnologia avança em nossa vida de maneira gradativa e se não buscarmos atualização em relação às novas tecnologias, perderemos não só a credibilidade, mas também, a interação com os alunos e com o mundo, pois a realidade deles faz parte deste cenário cheio de inovações e modernizações tecnológicas, estamos no século XXI, na pós-modernidade.
Em virtude da crescente complexidade das relações (valores novos), do pouco tempo entre uma mudança e outra (não mais décadas, mas anos e, às vezes, meses), que impõem a necessidade de formar para a flexibilidade e adaptabilidade a mudanças, novas necessidades que exigem formação adequada para dar conta desta vertiginosa demanda. Em um mundo em que a informação é extremamente valorizada, mas também extremamente banalizada, enfrentamos, em todos os níveis, um processo de transformação acelerada que nos assusta.
 Pois se antes, em termos de valores e de conhecimento, havia pouca ou nenhuma diferença entre uma geração e outra, hoje corremos o risco de estarmos defasados, desatualizados e confusos em relação às nossas certezas em um intervalo de tempo muito menor do que aquele que despendemos para constituí-las, e tal fato de forma alguma facilita a tarefa de educar, pois aumenta muito nossa angustia por controlar o tempo futuro.
 A presença do computador na educação é marcante e, acreditando na irreversibilidade deste fato, há que se pensar o computador com o cuidado de não dar-lhe o significado de redentor do sistema escolar, no sentido de instrumento da modernidade ou até da pós-modernidade que irá redimir a escola e, por si só, causar as transformações tão desejadas, tão sonhadas por educadores e cientistas da educação.
 O atual paradigma do sistema educacional coloca em discussão o contexto da revolução da informação que surge com o advento da Internet e da Tecnologia. A educação e as tecnologias, são dois campos que desde há muito, mantêm diálogos. Por vezes tenso, por vezes mais interativos.
Para aceitarmos a inovação tecnológica, devemos desmitificá-lo. Para acabar com o mito do computador, é preciso encará-lo como uma máquina semelhante a qualquer outra, criada e
manipulada pelo homem .
O uso do computador na educação tem sido alvo de debates e questionamentos. Na verdade, o que se discute não é o instrumento em si, mas a maneira de empregá-lo, que depende de uma concepção filosófica e de uma teoria de aprendizagem.
A Informática não só atua sobre o conhecimento, mas possibilita uma nova ferramenta que auxilia na aprendizagem, estimula o conhecimento e a criatividade, e  ainda possibilita sempre uma solução possível. Isso mantém a criança entusiasmada e concentrada por mais tempo. 
O computador representa uma grande interrogação sob o ponto de vista de possibilidades educativas. A posição que procuro tomar neste artigo é a de não subestimar nem a oportunidade de ganhos e nem o perigo de perdas, ambos presentes no fenômeno das tecnologias emergentes.
 
Contexto Social e a Nova Educação
 
Por Pós-modernidade  se entende o conjunto de características que demarcam uma nova "Era Histórica", o fim da modernidade do mundo contemporâneo e uma nova maneira de ver e se ver no mundo. E uma  mudança , para ocorrer, necessita de um processo lento de transformação de valores e costumes.
O primeiro passo para a Pós-modernidade não seria propriamente uma "tomada de poder", mas sim uma enorme Revolução Cultural.
O isolamento produzido pela Pós-modernidade vai encontrando eco na tecnologia, que facilitando mais ainda a "auto-suficiência" de cada um, cria um mar em volta de uma ilha. O conflito entre o mundo e o "eu", entre a realidade e a fantasia, se radicaliza na técnica Pós-moderna..
Podemos citar como exemplo a informática que se faz presente em nossas vidas.Há alguns anos atrás para pagarmos uma conta ou fazermos uma transferência de dinheiro tínhamos que ir até o banco, pegar uma imensa fila, hoje fazemos isto pela internet.Outro exemplo, para lermos o jornal tínhamos que ir até a banca para comprar, hoje podemos ler as noticias pela internet.
O que se percebe é que as novas tecnologias vêm causando mudanças importantes, inclusive no modo de produção e no mundo do trabalho.  Diariamente vemos máquinas cada vez mais sofisticadas substituindo o trabalho humano. 
Deparamos rapidamente com necessidades educacionais que não existiam até há pouco tempo atrás. O “novo homem” que se faz necessário formar exige uma nova escola, porque novos paradigmas se fazem presentes nesse momento social em que vivemos.
A escola  está inserida dentro de um contexto maior, que é a sociedade. Sabemos que reflete as relações sociais e a cultura que nela estão presentes e que, portanto, mudanças e transformações profundas no sistema educacional implicam em mudanças e transformações profundas na sociedade.
O computador facilita uma aprendizagem mais autônoma, no momento em que o professor ensina a processar a informação de maneira crítica e reflexiva, a trabalhar em grupos e a efetivar trocas.
    O computador serve para despertar a atenção dos alunos. Os alunos processam melhor o conhecimento quando aprendem ativamente como em trabalhos de campo ou interagido  com experimentos.
De acordo com a concepção de educação adotada, o computador assumirá um determinado papel na relação entre o aluno, o conhecimento e o professor.
Pensando nisso, não poso deixar de concordar com Levy quando diz que:Uma versão puramente ergonômica ou funcional da relação entre humanos e computadores não daria conta daquilo que está em jogo. O conforto e a performance cognitiva não são as únicas coisas em causa. O desejo e a subjetividade podem estar profundamente implicados em agenciamento técnicos. Da mesma forma que ficamos apaixonados por uma moto, um carro ou uma casa, ficamos apaixonados por um computador, um programa ou uma linguagem de programação ( 1993, p.56).Esta afirmativa faz-nos refletir não só sobre o uso do computador, mas sobre o auxílio da informática na educação. Da mesma forma não são somente as suas funcionalidades e suas possibilidades cognitivas que estão em jogo, mas sim,  a relação com os seres humanos, principalmente na relação à aprendizagem, o desejo e a subjetividade e o interesse pelo aprender.
Com a ajuda do computador, o sujeito desenvolve estruturas de pensamento mais flexíveis, permitindo abordar os problemas cotidianos de modo mais crítico e criativo.O educador e a visão da informática Para desenvolver o seu trabalho diário em sala de aula o professor dispunha, até pouco tempo atrás, de alguns recursos didáticos como o quadro-de-giz e outros meios audiovisuais.Ensinar com o auxílio da informática consiste em usar essa tecnologia como um recurso auxiliar no processo ensino-aprendizagem. O aluno deve ter a possibilidade de manipular o computador como um suporte para as suas descobertas.
Na escola, o computador deve ser usado não como um substituto do professor, mas como mais um recurso auxiliar de que ele dispõe para facilitar o desenvolvimento do trabalho pedagógico interdisciplinar. O computador não deve ser encarado também como uma panacéia, isto é, como um remédio para todos os problemas da educação escolar, mas sim, como apenas mais uma alternativa que se apresenta e cuja contribuição para o processo pedagógico exige, da parte do educador, uma análise crítica, em função das concepções e dos objetivos da educação.
Os softwares educacionais são elaborados para divertir enquanto ensinam. A idéia é a de fazer com que o sujeito aprenda o conceito, o conteúdo ou a habilidade embutida, através de uma brincadeira.
A utilização do computador como recurso de auxílio na construção do conhecimento, dentro e fora da sala de aula, torna-se uma realidade. Basta observarmos que a Internet está hoje, possibilitando infinidades de informações, serviços e outras atividades para toda comunidade. Quando falo de educação dentro e fora da sala de aula, refiro-me ao fato de que, se na escola ele utiliza o computador para fins educacionais, ele também pode utilizá-lo em casa para os mesmos fins: realização de uma pesquisa, fazer uma leitura; enfim, ele poderá se divertir, jogar, e sabe que aquela pesquisa que precisa fazer ou aquele tema que a professora deu, podem estar na Internet. É claro que essa conscientização depende muito de “um cuidar” pela qualificação do professor de informática e pelas práticas pedagógicas dos demais professores.
Uma consideração fundamental é que o computador torna-se um dos  recursos mediadores de uma aprendizagem dinâmica.Ele não estará substituindo o professor, mas auxiliando-o enquanto ferramenta interativa na construção da aprendizagem. Sendo assim utilizado pelo professor, vem a “enriquecer o ambiente das crianças para que as trocas simbólicas estimulem o funcionamento da representação mental.” (Fagundes, 1994, p.49). Não é diferente do que diz  Vygotsky (1989), sobre o funcionamento psicológico do sujeito e o conceito de mediação, enfocando que na relação do homem com a realidade, existem mediadores, que são ferramentas auxiliares.
Precisamos melhorar este ensino informatizado repensando a metodologia .Há uma infinidade de softwares (programas de computador) educativos para as mais diversas áreas: Matemática, Física, Português e outras; enfim, inúmeras possibilidades, muitas delas distribuídas gratuitamente pela Internet, que podem contribuir para uma aprendizagem dinâmica, interativa e prazerosa, dando um novo olhar aos discentes sobre o ambiente escolar, e assim, estará também vivenciando na sala ou fora dela a realidade da sociedade atual. O uso da Internet como ferramenta de pesquisa é fantástico! Museus podem ser visitados, bibliotecas virtuais, há uma infinidade de livros inteiros disponíveis na Internet, artigos, revistas, documentários, vídeos, todos estes recursos podem ser utilizados como fonte de pesquisa e de conhecimento do mesmo modo que os tradicionais livros, revistas e fitas de vídeos.
Não podemos esquecer dos critérios que devem ser inseridos no processo de educação através do computador. Exemplos: exigir os endereços dos sites visitados que fazem parte da pesquisa na bibliografia, é um exemplo de critérios que podem ser adotados para um controle e desempenho melhor e mais segura das atividades.
Por último, devemos entender que o problema maior da informatização das escolas não está no computador em si, nem na capacitação de professores para esta área. Percebemos que o problema pode estar na escola enquanto detentora do poder de manipulação da informação, os professores enquanto “detentores do saber”. Essa idéia faz-nos entender a rejeição que alguns professores/as demonstram quando lhes é proposta a possibilidade de trabalhar com computadores em suas práticas pedagógicas. Desta forma, principalmente com a Internet, a escola da informação deixa a desejar, pois o papel da escola e do professor numa instituição que utiliza a informática, não seria tanto o de divulgar as informações, já que para isso, dispomos de outros meios informatizados, mas seria sim, o de possibilitar a construção do conhecimento. Neste sentido, não existiria a necessidade de uma competição com os novos recursos da informação, mas descoberta e a construção de modo criativo e interpessoal, o conhecimento usando múltiplas e variadas modalidades de informação já disponíveis.
O que se percebe é que as novas tecnologias vêm causando mudanças importantes, inclusive no modo de produção e no mundo do trabalho. Diariamente vemos máquinas cada vez mais sofisticadas substituindo o trabalho humano. A massa de desempregados que aumenta assustadoramente é fruto não só da globalização da economia e da política neoliberal do capitalismo e da própria rearticulação do sistema capitalista mundial. Ela é, também, concretamente, fruto da substituição do trabalho humano pelo trabalho das máquinas.
O computador facilita uma aprendizagem mais autônoma, no momento em que o professor ensina a processar a informação de maneira crítica e reflexiva, a trabalhar em grupos e a efetivar trocas. O computador serve para despertar a atenção dos alunos. Os alunos processam melhor o conhecimento quando aprendem ativamente, experimentos ou interagindo com o computador. O valor do investimento aplicado pelas escolas não está no computador, mas na preparação dos profissionais da educação para melhor lidarem com essa tecnologia. É necessário que os educadores estejam capacitados e conscientes do seu papel, para que esse novo instrumento não se transforme apenas em um acúmulo quantitativo de informação, tornando-se um objeto a mais de instrução.
A eficácia do uso do computador na escola depende de uma idéia integradora que promova a aprendizagem significativa e a motivação, privilegiando a totalidade do estudo do objeto na tentativa de reduzir a fragmentação do saber. Pessoas que têm acesso a recursos que facilitam a aprendizagem, que são estimuladas a encontrarem soluções e a produzirem ou incrementarem seus conhecimentos acumulados, não têm fronteiras nem limitações em relação ao conhecimento.
O computador pode ser um poderoso recurso na área de informática educacional, mas para isso tem que ser usado com inteligência e eficácia e para tanto, é preciso que o educador desenvolva projetos que sejam coerentes com a proposta pedagógica da escola, que promovam a integração dos alunos, ajudem a desenvolver a cooperação entre eles, enriqueçam seus universos e que complementem os trabalhos desenvolvidos em sala de aula, através de uma linguagem diversificada.


Conclusão


A presença do computador na educação é marcante e, acreditando na irreversibilidade deste fato, há que se pensar o computador com o cuidado de não lhe dar o significado de redentor do sistema escolar, no sentido de instrumento da pós-modernidade que irá redimir a escola e, por si só, causar as transformações tão desejadas, tão sonhadas por educadores e cientistas da educação.
Colocar computadores nas escolas não quer dizer informatizar a educação, mas introduzir a informática como ferramenta de ensino dentro e fora da sala de aula. Isso sim, torna-se sinônimo de informatização da educação. Sabemos que a “chave-de-ouro” de uma verdadeira aprendizagem está na parceria (professor-aluno) e a construção do conhecimento nesses sujeitos interativos. Para haver um ensino significativo que abranja todos os educandos, as aulas precisam ser mais participativas, interativas, envolventes; os alunos devem se tornar “agentes” da construção de seu próprio conhecimento e o professor, por sua vez, estará utilizando a tecnologia para dinamizar as aulas e orientar os alunos na construção de seu saber.
Podemos afirmar que o computador por si só não melhora o ensino, apenas por estar ali presente na sala de aula. A informatização da escola só será eficiente e com bons resultados se for conduzida por professores preparados e que saibam quais objetivos pretendem alcançar.
O educador deve ter em mente que a tecnologia não é algo separado da sociedade e da cultura. As verdadeiras relações se travam entre uma multidão de agentes humanos que inventam, produzem e interpretam diversas técnicas. Lèvy afirma que “por trás das técnicas, no meio delas, agem e reagem idéias, projetos sociais, utopias, interesses econômicos, estratégias de poder em sociedade”.
Lèvy afirma que:
O cúmulo da cegueira é atingido quando antigas técnicas são declaradas culturais e impregnadas de valores, enquanto que as novas são denunciadas como bárbaras e contrárias à vida.    Alguém que condena a informática não pensaria nunca em criticar a impressão e menos ainda a escrita. Isto porque a impressão e a escrita (que são técnicas!) o constituem em demasia para que ele pense em apontá-las como estrangeiras.(1993, p.15)


A eficácia do uso do computador na escola depende de uma idéia integradora que promova a aprendizagem significativa e a motivação, privilegiando a totalidade do estudo do objeto na tentativa de reduzir a fragmentação do saber.
        Crianças que têm acesso a recursos que facilitam a aprendizagem, que são estimuladas a encontrarem soluções e a produzirem ou incrementarem seus conhecimentos acumulados, não têm fronteiras nem limitações em relação ao conhecimento.

Referências Bibliográfica:


 
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Postagem: Alexandrina Nunes

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