sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Professores são a última resistência às novas tecnologias nas escolas

Para Sonia Correia dos Santos a presença das novas tecnologias nas escolas é uma realidade inquestionável. Um computador por cada 13 alunos do ensino básico e secundário, e acesso generalizado à Internet por banda larga, garante o Ministério da Educação. O problema, concordam professores e pedagogos, está na utilização que lhes é dada: pelos alunos, que muitas vezes se limitam a copiar conteúdos de forma acrítica, mas também pelos professores, uma classe envelhecida e ainda com muitas resistências à inovação tecnológica.
É por isso que aplicar a Internet como ferramenta de trabalho na escola exige "ousadia, criatividade, insistência, novidade, mas, principalmente, muita paciência". Foi o que mobilizou Jacinta Paiva, professora de Biologia da Escola Secundária Dr. João Lopes de Morais, em Mortágua, a constituir o "Projeto Emailice" (e-mail na comunidade educativa). O trabalho decorreu durante os anos letivos 2004/2005 e 2005/2006 e envolveu três turmas do 3.º ciclo de uma escola de Coimbra. O objetivo: usar o e-mail como plataforma de comunicação regular entre alunos, professores e pais.
Os resultados foram exemplares. Pais e professores não conseguiram adaptar-se com o mesmo à vontade que os alunos. "Nem tudo correu como pensávamos", reconhece Jacinta Paiva ao concluir que a relação escola-professores-pais "revelou-se difícil e algo reativa à inovação". Já entre os alunos, a experiência concretizou-se com "entusiasmo e eficácia". Uma das turmas envolvidas vai mesmo continuar o projeto no ano letivo que agora começa.
O problema dos alunos está no uso da Internet. Os chats, o messenger e os jogos são os ambientes em que mais se sentem à vontade. Mas perante a elaboração de uma pesquisa para um trabalho curricular "não têm critério para selecionar", constata Teresa Caetano, professora de Português e Inglês na escola de Ferreira do Alentejo. "Têm acesso a toda a informação, mas não a sabem digerir", acrescenta à docente. "Não são críticos em relação às matérias que encontram", para além de não terem "qualquer noção sobre a propriedade intelectual da informação." Com freqüência, "estas más buscas resultam em trabalhos muito extensos, copiados e repetidos".



Camal S. da Silva

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